domingo, 18 de setembro de 2011

Lulu Santos - HYPERCONECTIVIDADE (single remix promocional)

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Hoje postamos outro single remix interessante do cantor Lulu Santos para duas músicas: Hyperconectividade e Condição.

Hyperconectividade é a primeira faixa do Cd álbum chamado “Liga lá” lançado em 1997 pela gravadora BMG. Em paralelo, o single também apresenta o remix da música "Condição" que apareceu originalmente em 1986 no álbum do cantor chamado apenas de "Lulu". Ambos os remixes possuem uma produção voltada para o estilo eletrônico. 
Aliás, diga-se de passagem, no final do milênio houve a  efervescência musical eletrônica na maior parte do mundo, mas não atingiu todo o sucesso esperado no Brasil. Analistas afirmam que um dos motivos foi causado pelo atraso conceitual e musical de grande parte dos brasileiros sem noção e comprometimento com o progresso e a evolução.

Dessa forma, a musicalidade eletrônica acabou sendo tratada pela maioria como um modismo. Afinal, dizem que quem manda são os conceitos musicais ditados para satisfazer ao paladar da “velharia.“ Como a juventude não tinha força musical, o que prevaleceu foi a indiferença, com raras exceções como as apresentadas pelo cantor Lulu Santos. Mas quem mais sofreu com a situação foram as pessoas musicalmente desenvolvidas que ficavam reféns na musicalidade internacional!

Outro aspecto desse momento foi perceber que a Mtv e a maior parte do jornalismo musical brasileiro aos poucos foram abandonados por parte do público que estava cansado da mesmice roqueira. Naquela época, dezenas de jornalistas em rádio, jornal, televisão e internet, só sabiam e gostavam de falar em dois estilos musicais: MPB e Rock and roll. 

A Mtv sempre defendeu os interesses roqueiros americanos transparecendo em sua programação diária atitudes como: "Viva o rock´n´roll" e que os outros estilos servissem apenas para disfarçar. Então parte da imprensa brasileira por preguiça, burrice e ignorância também imitava o estilo Mtv de ser. Por outro lado, independente da Mtv, havia os saudosistas e correligionários naturais do rock n´ roll infiltrados em grande parte da midia tupiniquim. Essas pessoas também só conheciam e aprovavam o "jeito rock n´ roll de ser" como o mais saudável segundo seu entendimento próprio, quer dizer, segundo seu interesse pessoal!

Os simpatizantes do rock eram pessoas queridas mas não tinham a capacidade jornalística de separar os entendimentos e ver além do horizonte, salvo algumas exceções. A música eletrônica e até de outros estilos musicais eram vistos por muitas pessoas como se fossem uma ameaça ao estilo roqueiro que era apresentado como o mais inteligente e contemporâneo, entre todos os gêneros existentes. Afinal, o que os amigos de alguns jornalistas iriam pensar quando lessem uma notícia falando bem de um estilo musical eletrônico, que não era bem aquela música que os amigos tanto idolatravam!?

Essa situação me fez lembrar de um depoimento ao acaso, que li no site da dupla de djs americana chamada Harley & Muscle, os quais postaram em sua biografia afirmando que vários dos seus amigos americanos, ficaram desapontados ao saberem que ambos  gostavam de house music e não de rock n´ roll como as pessoas "doutrinadas pela mídia roquista" deveriam gostar, na década de 80. Visto que, a house music era uma evolução da disco-music. Porém parte da disco-music nos EUA era rotulada como música de negro e música de gay! Logo, a dupla Harley & Muscle - de etnia branca, financeiramente estável e de sexo masculino - não poderia gostar de outra música que não fosse o tal de rock n´ roll de gente branca e sexualmente “máscula”! Enfim, voltando para a musicalidade brasileira, esse tipo de pensamento sobrevive em muitas regiões e é apenas um dos inúmeros exemplos de burrice instalada no entendimento musical de diversas pessoas no país. 
Lulu Santos (fotografia by Márcia Ramalho)




















Conduta Sexual x Conduta musical

Da mesma forma como separam religião de política, particularmente, a equipe do blog BRASILREMIXES  sempre separou a opção sexual da música. Até porque, tudo passa e o que fica é o talento e a diversão! Porém, nem todo mundo consegue ter esse entendimento. Nem mesmo as gravadoras e seus funcionários pagos para distribuir promocionalmente o produto artístico no mercado consumidor e nem mesmo diversos radialistas que deveriam acompanhar a evolução musical da sociedade. São pessoas queridas, mas condenadas pelo policiamento sexual. 

Para muitos, quem dança são macacos ou gays. Afinal, entendem e defendem que o único motivo para o "homem macho" se divertir ou é através do esporte ou é através do sexo e da cerveja. Além de tudo, essas pessoas defendiam que a música deve passar uma mensagem e não aceitavam a melodia como diversão, apenas.

Diante de todas as atitudes homofóbicas, parte da galera rock n´roll se considerava superior e sempre apontava o dedo para conduta sexualmente incorreta da galera da música eletrônica. Basta ficar atento para perceber essa situação em nosso cotidiano. Em alguns países esse desentendimento já foi abolido e superado, mas no Brasil, atrasado e hipócrita, vai levar algum tempo para mudar. Afinal, o Brasil ainda está resolvendo o problema da reforma agrária e do salário mínimo, e nem sabe escolher presidente. O que esperar de um país assim?!!!
Verso





















1- Hyperconectividade (Fubá Mix)  2 ´58

Análise: Produzido por Ramiro Musotto (1964 – 2009), a sonoridade melódica oriental e a rima da palavra “Hy-per-co-ne-cti-vi-da-de” cantada por Lulu Santos  fazem toda a diferença nesse remix com levada house e riffs singelos de drum n´bass. Sem dúvida uma releitura simples e fácil de produzir por pessoas que estão conectadas com a musicalidade mundial e que entendem de percussão e programação tecnológica. Ao contrário de muitos produtores que só sabem tocar guitarra e produzir sons eletrônicos fajutas. Infelizmente.

2 - Condição (Remix radio edit) 3 ´37

Análise: Essa música foi originalmente lançada em 1986 no álbum chamado “Lulu”, porém reapareceu remixada 12 anos depois. Esse belo remix com riffs de piano lembrando a Ítalo house oitentista garante o charme dessa canção que tocou em muitas festas pelo Brasil e quase passou despercebida! Produzido por Nado Leal e Paulo Jeveaux (G-vô) para Monster Makers.

3 - Condição (Remix)  5 ´24

Análise: É o mesmo remix que a versão anterior, porém mais longo e destinado para os Clubs. Aliás, antes que caia no esquecimento, a música condição é cantada por Lulu Santos com a participação especial do cantor Milton Guedes.Também foi produzido por Nado Leal e Paulo Jeveaux (G-vô) para Monster Makers. Essa versão foi lançada comercialmente no álbum de remixes do cantor Lulu Santos chamado “Dance bem, Dance mal, Dance sem parar” que foieditado pela gravadora Som Livre/BMG.























CD

*** O single foi lançado em 1998 e teve a produção artistica de Jorge Davidson. Até o momento não há informação de que este single tenha sido editado em vinil.

Um comentário:

wvfonseca disse...

Boa noite.
Foi maravilhosa sua explanação sobre as músicas "Hypercontividade" e "Condição Remix".
Eu confesso!
Na década de 90 eu era um apoiador incondicional da Eurodance. Era totalmente hipnotizado pelos arranjos eletrônicos.
Eu considerava a música brasileira um LIXO.
Mas isso começou a mudas quando ouvi a música "Condição Remix" do Lulu Santos.
Nossa... Que acordes! Que arranjos! Parecia uma música dance de outro país, dado o fato de seu acabamento.
Simplesmente fabulosa.
Eu considero sem sombra de duvidas um divisor de águas no cenário musical brasileiro.
Uma coisa que eu particularmente fico meio confuso é de que aparentemente o próprio Lulu Santos parece ter uma certa rixa com esse musica em especial.
A versão remix tem quase 20 anos e nunca houve um lançamento de uma edição comemorativa.
Tão pouco se encontra essa música na internet, no Youtube ou um informação descente, assim como você disponibilizou.
Obrigado por compartilhar um pouco do seu conhecimento com um daqueles saudosistas dos anos 90.
Uma época louca e inocente.