Capa
Em
1979 o ator e bailarino Ronaldo Resedá também conhecido como
“Kid Discoteca”, lançou seu primeiro e único álbum pela gravadora Som Livre. O
disco levava o mesmo nome do cantor, que iniciou sua carreira musical na metade
da década de setenta. O artista nasceu no Rio de Janeiro e também lançou vários
discos no formato de compacto simples, que era uma espécie de single comercializado
naquela época.
Na postagem de hoje, trazemos o compacto com a canção “Marrom
Glacé - principal sucesso do cantor em toda a sua carreira! A melodia
virou tema de abertura da novela Marrom Glacé, que foi produzida e exibida pela rede Globo entre
1979/1980, no período em que a Disco
music fazia sucesso no Brasil. Para ver o video de abertura da novela clique aqui!
Contracapa
Algumas
pessoas confundem a canção “Plumas e
paetés” com a melodia “Marrom Glacé” e
vice-versa. Mas é bom ficar atento, porque se tratam de duas musicas
diferentes. Entre elas, era óbvio que Marrom
Glacé fizesse mais sucesso. Não apenas pela composição festiva, mas por
seguir um estilo musical jovem (para a época) e voltado para Disco music, que ainda era uma novidade
para grande parte da sociedade brasileira. O
cantor Ronaldo Resedá faleceu em 1984 e seu trabalho artístico e musical é
considerado muito importante para colecionadores e simpatizantes da Disco music made in Brazil!
O
compacto lançado em 1980 apresenta apenas quatro canções:
LADO A
1- Pif-Paf
2- Bobos da corte
LADO B
1- Quero me entregar pra você
2- Marrom Glacê
* O álbum lançado pelo cantor em 1979 possuía a mesma imagem de capa do compacto, porém o LP apresentava um total de oito canções.
...Disco music no Brasil
The Frenetic Dancin´Days Discoteque no RJ
A
equipe do blog preparou – de forma livre - uma seleção de canções e artistas
que estavam envolvidos com a Disco music
na época ou ao menos, que tenham produzido alguma música de sucesso com
influências do estilo. Todas as canções estão postadas no YOUTUBE e servem para
os leitores pesquisarem e terem uma ideia de como as melodias eram. Entre os
artistas brasileiros, alguns dos que mais se destacaram foram:
Ronaldo
Resedá - Marrom Glacê
Ronaldo Resedá - Kitch
zona sul
Frenéticas – Dancing
days
Tim Maia – A fim de
voltar
Sarah Regina – Carwash
Sarah Regina - A
última dança
Juanita – Sonho real (Ring my Bell )
Fevers – Onde está o
amor (Loves is the air)
Rita Lee – Chega mais
Ney Matogrosso - Não existe pecado ao sul do equador
Ney Matogrosso - Não existe pecado ao sul do equador
Miss Lene – Deixe a
música tocar
Miss Lene – Quem é ele
Lady Zu – A noite vai
chegar
Elizângela – Pertinho
de você
Cornélius – Eu perdi
seu amor
Robison Jorge e
Lincoln Olivetti – Rio Babilônia
Gretchen – Conga,
conga, conga
Arlete - Quero ser sua mulher
As musicas tiveram ênfase nas rádios, nas discotecas e entre as pessoas que estavam sintonizadas
com o movimento. Algumas melodias tocaram mais e outras melodias tocaram menos.
Depende de cada região do país!
A
cantora Gal Costa e as canções “Balancê”
e “Festa do interior” estão fora da
lista. Não confunda marchinha de carnaval com Disco music! Elas poderão
ter jeito de festa, mas são bem diferentes. Gilberto Gil com a música “Realce”, Rita Lee cantando "Chega mais" e a banda Fevers com a canção
“Elas por elas”, passaram perto e até possuem influências da
sonoridade Disco, mas também não são
consideradas representantes do estilo.
...Um pouco de história da Disco Music
Studio 54 - O templo da Disco Music em NY
A Disco music surgiu nos Estados Unidos e
brilhou no cenário musical aproximadamente por 10 anos. O estilo foi um
movimento de liberdade de expressão utilizado por comunidades formadas por
negros, gays, latinos heterossexuais, hippies entre outras pessoas, contra a
dominância do rock n´ roll e a desvalorização da música dance na contracultura.
Cena do filme Embalos de sábado a noite
A Disco music alcançou o auge entre 1977 e
1980. Sua grande popularidade foi
impulsionada por filmes de Hollywood como Saturday Nigth Fever, com John
Travolta no papel principal e uma trilha sonora empolgante, que incentivou a
abertura de clubes no mundo inteiro. Entretanto, nos Estados Unidos diversos
problemas sociais entre brancos e afros descendentes acabaram obrigando o
estilo a se refugiar nos clubes underground e nos guetos da comunidade gay. A hostilidade contra a Disco music chegou ao extremo, com a
realização do ato de protesto idealizado por roquistas, que ficou conhecido
como “Disco sucks” ou “Disco Demolition Nights”.
"Disco Sucks" - Ato de protesto contra a Disco
Pelo
volume de informações a respeito do assunto, a equipe do blog não vai entrar em
detalhes nessa área. Até porque, diante de centenas de depoimentos e filmagens existentes
entre as partes envolvidas, se percebe com evidência, que o problema foi muito
além da musicalidade e se misturou a questões de preconceito racial e social.
Essa situação se transformou num conflito “ideológico e egoísta” - entre alguns
americanos, na busca pelo poder musical. Aliás, em parte do cenário artístico,
não existe todo aquele amor que muitas pessoas “inocentes” imaginam. Os
bastidores que envolvem diferentes estilos musicais fervilham na busca pelo
poder cultural e dominação do público.
Pra
quem deseja saber mais, existem dezenas de portais com imagens, vídeos, estudos
universitários e depoimentos de participantes e pesquisadores espalhados pela
internet, que relatam o ocorrido. Entre vários, neste momento, a equipe do blog sugere dois
sites.
Dizem
que a canção Marrom Glacé fez sucesso por causa da novela e entre as pessoas que
frequentavam as discotecas naquela época.
Comentário 1:
-
Olha de novo a influência da TV na vida das pessoas. Educadores e sociólogos já
explicaram e até o Daft Punk já cantou
para a multidão: “Television, rules the nation” (A televisão regra a nação) enfim...Uma parte dos brasileiros
parece não ter interesse em avançar musicalmente ou já naquela época, não
possuía o desenvolvimento “nato” em suas ações. Talvez a preferência em “Deixar a vida levar para o desconhecido”
fosse a expressão de ordem, que movia a sociedade. Por outro lado também tinha
a rivalidade inútil entre a música de homem e música de mulher. Muitas pessoas
também pareciam atuar (ou se deixaram doutrinar), como se aguardassem a
autorização da TV ou, que a TV tivesse a obrigação educacional de mostrar um
caminho ao país, para somente depois as pessoas participarem. É como se a
televisão exercesse um papel de avalista e orientador! Santa confusão educacional do povo!!
Comentário 2:
-
Nem todas as pessoas frequentavam a discoteca. O local era direcionado para um
público descolado, de classe alta e que estava sedento por novas emoções. Não
havia internet e o celular era imaginação dos filmes de Jornada nas Estrelas. O
Brasil não tinha muitas oportunidades e incentivos de desenvolvimento cultural em massa. Para algumas pessoas
que estavam no poder, num determinado momento o Brasil tinha que ser Índio e no
outro tinha que celebrar a Tropicália. De repente, o país parava para comemorar
o carnaval e as festas folclóricas de cada região. Em outros momentos o Brasil
era boi, vaca e galinha. Estresse! Um verdadeiro caldeirão de informações e
conhecimentos que saiam de nenhum lugar em direção a lugar algum. Apenas massageavam
o ego confuso da população, que tentava ser alguma coisa mostrando e vivendo obviedades e deslumbramentos do
senso comum.
Comentário 3:
- Andando em círculos e com falta de noção de desenvolvimento, o tempo passava para parte
dos brasileiros, que não percebiam seu estado de estupor. Sem um projeto educacional voltado para o
desenvolvimento da cultura e com falta de visão além do horizonte, as pessoas deslumbradas acabavam vivendo um comportamento raso, que repetia e imitava o passado ou que
imitava outras culturas!
Comentário 4:
Sofisticação-desenvolvimento-tecnologia
fazia parte da vida de um seleto grupo de pessoas, que conseguiam se livrar da
mesmice. Na corrida para acompanhar o
sentido social mundial, não havia opções. Ou se permanecia atrasado e
abandonado no interior ou se tentava compreender as novidades apresentadas por um
novo conceito de vida, recheado de aspectos urbanos, vindos de outras culturas,
digamos.....um pouco mais atualizadas e coerentes com o tempo presente.
Comentário 5:
É
importante lembrar que a fazenda é uma coisa. A floresta é outra e a urbanidade
é outra coisa! Quem tentar colocar o campo na floresta ou tentar reviver a
fazenda na cidade ou colocar a cidade no campo, o resultado final será um
choque de interesses culturais repletos de preconceito, atraso, escravidão
cultural e confusão de sentidos.
Comentário 6:
Colhendo
informações entre pesquisadores, sociólogos, parte da mídia e o público em
geral, podemos compreender que a Disco
music chegou ao Brasil graças ao trabalho dos Djs e da galera rica, que
tinha a oportunidade de viajar e trazer as novidades para o país. Da mesma
forma como a música eletrônica, não foi a galera pobre que sintonizou o Brasil
com a sonoridade mundial. A música eletrônica também chegou ao país, devido a
uma parcela da sociedade brasileira, que era mais informada e financeiramente
estável. A popularização da música eletrônica ocorreu depois. O rock and roll
também foi orquestrado pela elite social,
tanto quanto a jovem guarda, a música clássica, a música erudita, entre outros
estilos...
Comentário 7: Porque as coisas são
como são?
Porque
muitas pessoas são limitadas, egoístas e preguiçosas em sua visão mundial. Como também em
seu desenvolvimento de vida, recheados de confusão e dúvidas
educacionais. São pessoas queridas, mas presas nas garras da simploriedade.
- Simploriedade é diferente de simplicidade. Veja os conceitos:
- Simploriedade
é o trivial. É aquela pessoa ingênua que se contenta com migalhas por falta de
desenvolvimento. Não tem iniciativa e é antievolutiva. Vive no conhecimento raso que se resume em nascer, crescer, reproduzir e morrer. Não tem noção de sua importância para
sociedade, do que representa e onde quer chegar.
- Simplicidade
é a ausência de luxo. É uma pessoa que possui conhecimento, mas leva uma vida
simples, sem ostentação e sem consumo exagerado. Simplicidade é um conceito de vida voltado para as coisas necessárias.
*
Essa foi a postagem mais longa já apresentada pela
equipe do blog. Não é tão simples falar sobre Disco Music e ignorar todo o contexto
social ao qual o estilo fazia parte! Por isso que a resenha ficou gigante!
** Quem
quiser saber um pouco mais da história da Disco music clique aqui:
*** Agradecimento especial para a colecionadora Patrícia Santos de Vargas por ter colaborado gentilmente com as imagens que ilustram a resenha de hoje!