Este
single remix foi divulgado de forma promocional em 1990, pela gravadora
Warner/WEA Brasil. No entanto, aviso ao leitor que se trata de um remix realizado sob os mesmos critérios musicais de muitos remixes nacionais produzidos na década de 80 na linha poprock. Ou seja, muitos remixes foram produzidos por pessoas que não eram DJs ou não
tinham nenhum conhecimento dançante propriamente dito. As músicas são ótimas,
mas não tem aquele sabor de danceteria. Um exemplo clássico dessa situação são
as musicas do cantor americano Prince. Algumas são ótimas para curtir em casa,
na sala ou até para dançar no fundo do bar próximo ao banheiro, mas na balada
não funcionam porque a vibe e a pegada é diferente. Aliás, já naquela época era
diferente!
Se
perguntar para qualquer Dj qual era o “hit” nas danceterias em 1990, com
certeza entre centenas de sucessos ele irá responder dois: Technotronic e Madonna. Agora
você pode imaginar a cena e entender porque esses remixes do Kid Abelha e do Ed
Motta são classificados por serem apenas
uma tentativa de alguma coisa.
Lembro
também que naquela época haviam alguns clubes no Brasil que tinham duas pistas
de dança para separar a mistureba pop/rock/dance/axé/pagode brasileira da
mistureba dance/techno/house/Italo/pop/rock da música internacional.
Os
remixes apresentados neste single vinil 12” são interessantes sob o ponto de vista do
conhecimento e de parte do desenvolvimento musical brasileiro naquele período. A melodia da
música Solução do cantor Ed Motta possui claras influências musicais
do cantor Prince. Por outro lado, a versão para a música Todo o meu ouro do Kid
Abelha nada mais é do que um poprock animado bem ao gosto pop brazuka referenciado
naquela ocasião. Observo que ambas as canções
não tinham força para concorrer com os remixes produzidos pelos
gringos.
Lado A:
Ed Motta - Solução (remix) 5´36 - Produzido e arranjado por Ed Motta e Bombom
Kid Abelha e os Abóboras Selvagens - Todo o meu ouro (remix) 5´19 Produzido por Nilo Romero/ George Israel / Vitor Farias / Bruno Fortunato
Nesse assunto cabe uma explicação que ninguém disse até agora por falta de
conhecimento ou falta de visão estratégica:
“Se
você quer fazer um remix dançante, no mínimo a levada do remix deverá ser muito
próxima ao estilo dos remixes que estão “bombando” nas pistas no momento". E
mesmo assim não há garantia nenhuma!!! Se os remixes de sucesso atual são
internacionais, então o estilo do seu remix deverá ser, no mínimo, igual a pegada dos remixes internacionais!!!!
Você
pode fazer diferente, mas as pessoas não estão muito “ANTENADAS” com o
diferente. (Lembre-se não é culpa sua pela limitação musical do povo) Aliás,
até você convencer o povo acostumado com os remixes internacionais, de que o
seu remix brasileiro é melhor???!!! Há, Há, Há vai levar muuuuuuuuinto
temmmmmpo!
A
situação é simples. Você quer ser médico então você tem que estudar para ser
médico! Você quer ser piloto de corrida? Então você tem que saber andar
rápido! Você quer fazer um remix? Então você tem saber muito bem que tipo de
remix está sendo feito por outros artistas no momento e o que você quer provar ao público com sua versão remix! Onde vocêr quer chegar? A quem voce quer impressionar?
"FAZER QUALQUER MONTAGEM E CHAMAR DE REMIX NÃO FUNCIONA! “
"FAZER QUALQUER MONTAGEM E CHAMAR DE REMIX NÃO FUNCIONA! “
O leitor do blog deve ter percebido que essa crítica musical não foi muito favorável aos remixes nacionais. Sim. É verdade! Mas é preciso ir além e explicar um outro detalhe cultural que acontecia no Brasil:
“Não existia uma cultura de música dançante, ao menos naquela época”. As pessoas
frequentavam os clubes para encontrar a sua cara metade, se distrair ou participar
de um evento social festivo que reunisse gente, música e bebida. Dançar mesmo, havia mais tentativa do que
dança. Dependendo do clube quase a metade dos frequentadores permanecia a
noite toda escorada na parede do bar segurando uma cerveja ou um copo de
bebida. Sem mencionar, é claro, que muitos clubes representavam apenas uma
diversão passageira. Portanto, a partir do momento em que os frequentadores
encontrassem alguém interessante, logo começavam a namorar e bye, bye festa! Então, produzir um remix “top” ou um remix “fraco” não iria fazer a menor diferença para
uma parte desse público que infelizmente não sabe quando começa o início ou termina o fim. Então os artistas investiam e investem mais na carreira
musical de shows e de rádio (com projeção satisfatória) do que na produção de
um remix para ser tocado nas danceterias. Mas essa constatação não proteje e não impede de que
os remixes sejam criticados diante de um resultado musical fraco. Afinal, uma
pista de dança que se preze não pode ser tratada com simplicidade.
Quando
elogiamos é porque vale a pela. Quando criticamos é porque tem problema!
Sinto
muito!
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