Capa
A cantora Ive Mendes, que também é carinhosamente chamada de “Ive”, poderia fazer parte da lista de talentos
brasileiros que o Brasil desconhece.
Estávamos em 1998 e a gravadora BMG distribuiu promocionalmente o single
da canção “Hanime”. A música foi
incluída na trilha sonora da novela Corpo
Dourado que era transmitida pela rede Globo de TV.
Contracapa
A falta de
desenvolvimento e independência musical do público brasileiro, de certa forma
contribuiu para que a cantora Ive Mendes fosse ignorada pelo show business
tupiniquim. Entretanto, o talento da artista foi bem reconhecido e valorizado
no mercado externo e a cantora faz mais sucesso em outros países do que em sua
própria terra natal. Ive Mendes nasceu em
Goiânia e canta em português e em inglês. Seu último álbum de estúdio, chamado “Magnetism”
– lançado em 2010, recebeu disco de ouro e disco de platina duplo no mercado internacional.
Atualmente, a equipe de músicos responsáveis
pela produção musical da cantora é de primeira linha. Há profissionais que já
atuaram com grandes artistas como Sade, Simply Red, Massive Attack, Tina
Turner, Seal, Shakira, M People, Eurythmics, George Benson entre outros.
Ive Mendes / imagem reprodução
O single de hoje
apresenta a canção “Hanime” na versão original e quatro remixes produzidos por
Rodrigo Ferraz e Hitmakers. O conceito melódico apresentado nos remixes possui o
sample de bateria da música “Sadeness”
do Enigma e uma vibração suave com
influências do “Downtempo”, que é ideal para relaxar em ambientes destinados ao
Lounge e Chill out.
Este single possui
as seguintes faixas:
2 - Hanime – versão Extended remix 6´15
3 - Hanime – versão Radio Edit 3´35
4 - Hanime – versão Age mix 4´43
5 - Hanime – versão Cool mix 4´40
CD
* Não há informação
que este single tenha sido lançado em vinil 12”
**Quem quiser saber mais informações sobre a cantora,
basta clicar em sua página pessoal no link: http://www.ivemendes.com
O desastre musical brasileiro e
a ostentação daquilo que não merece ser glorificado ....
Para quem não sabe
nada e está satisfeito com migalhas, não há diferença nenhuma. Afinal, nunca
pensou além do próprio umbigo e se lambuza em meio a mediocridade e a repetição
musical de fórmulas mofadas. Para esse tipo de pessoa, falar em “Desastre
musical brasileiro” pode parecer tão surpreendente quanto ouvir a medicina
afirmar que a maconha possui efeitos benéficos para o tratamento de
determinadas doenças.
No final da década
de noventa (época de lançamento do single da postagem de hoje), estávamos num
período em que as rádios populares sintonizadas no dial de AM faziam o seu
trabalho muito bem e as emissoras de rádio FM atendiam outro tipo de público,
com uma programação mais sofisticada e vibrante - com tudo o que havia de
melhor na musicalidade brasileira e mundial.
Porém, não
satisfeitos com o sucesso obtido nas emissoras de rádio AM, aos poucos, muitos
diretores e radialistas do seguimento popular se transformaram em locutores de emissoras de FM. Por outro lado, os profissionais que já atuavam em FM,
ignoraram o desenvolvimento musical adquirido por parte da população e baixaram
o nível dos estilos musicais, para roubar e
competir com a audiência alcançada pelas rádios AM.
- Sabe aquela história imbecil que diz:
"A grama do vizinho é mais reluzente que a sua"?
- Pois é. Essa parte da história possui um significado parecido com esse texto. Ou seja, a rádio dos outros é melhor que a sua!!!
O resultado dessa situação foi
um desastre musical para parte do público desenvolvido, que perdeu referências e acabou
sozinho em meio ao caldeirão de popularidade momentânea. As classes sociais
mais pobres não ficaram ricas, elas apenas transferiram seu gosto popular para
outras frequências. Só isso! Até porque, riqueza ou pobreza não são sinônimos de
desenvolvimento musical.
A desigualdade e a
confusão cultural das pessoas se tornou fato consumado. O sucesso gradual foi
substituído pelo sucesso imediato e passageiro. Artistas foram lançados com
prazo de validade vencido. Independente de critérios musicais, conseguir o
maior número de pessoas voltadas para um determinado estilo, se tornou regra da
vez. O que antes era percebido de forma sutil, em pouco tempo, passou a ser
visto de forma explícita. A geração de consumidores musicais tinha mudado.
Pessoas que já estavam avançadas tiveram que tolerar e esperar as pessoas que ainda
estavam em processo de amadurecimento musical. Não havia mais unidade e o bom
gosto foi chutado pro escanteio.
O feeling musical
envelheceu e não era importante para os reguladores da cultura, que estavam de olho
na lucratividade fácil. A confusão estava no ar. O que era para ser uma grande
canção – não dava em nada. E
o que era para ser uma canção de nada – fazia um enorme sucesso! Era música
popular tocando com música conceitual e sofisticada e vice-versa. Artistas de
quinto escalão foram equiparados no mesmo nível dos artistas de alto conceito.
Era todo mundo moderno e todo mundo jeca ao mesmo tempo. Havia canções jovens e
festivas misturadas com melodias confusas, libidinosas e descartáveis. Também havia
musicas de protesto com melodias de clamor religioso e ostentação. O joio
acabou se misturado com o trigo e cada vez mais as pessoas tinham que acionar o
filtro musical, para não caírem na vala comum da piedade. Artistas e cantores de talento duvidoso começaram a gritar e justificar seu trabalho com expressões do tipo:
- “Eu
tive uma vida difícil então me dá uma chance para cantar e fazer sucesso!”
Todo o brasileiro,
praticamente, teve ou tem uma vida difícil, mas não significa que essa situação
seja uma justificativa para se tornar um artista e ser glorificado! Não houve
simplesmente a ascensão da música popular. A popularização foi crescendo e era
sustentada pela mediocridade de muitos artistas de conhecimento e interesse
musical limitado, que conquistaram para si o gosto popular – que também já era
limitado e sem o mínimo interesse de se desenvolver. Esse sistema acabou ditando parte das regras da música pop brasileira entre outros fatores. Afinal, no
Brasil – independente de graduação universitária – a maior parte da população
não possui um desenvolvimento musical “nato”, pois a música ainda é vista em
segundo, terceiro, quarto plano...etc.
Enquanto que a
musicalidade internacional continuava trilhando o seu caminho com diversidade,
sucesso e aprimoramento melódico; a música pop brasileira apelava para
interesses populares confusos de pessoas que mantinham um estilo de vida
simplório com bases no conceito: “Nascer, crescer, reproduzir e morrer. Tudo
recheado com muitas doses de saudade do interior, saudade do passado, de
ostentação e de apelo sexual.
"Ostentação daquilo que não merece louvor"
Dizem os
sociólogos, que em grande parte do Brasil, muitas pessoas tentam ostentar algo
que não merece “louvor” para ser ostentado. Em resumo, uma parte da
sociedade vive em meio a confusão educacional de interpretações e sentidos. É
como parte do povo da região sul do país, que possui alguns tradicionalistas
que lutaram no século XVIII contra a corte portuguesa e perderam a guerra.
Mesmo assim, os discípulos dos tradicionalistas sustentam que são intocáveis e fingem que não
perderam a disputa. Essa atitude serve para mascarar sua incapacidade em admitir a derrota e ao mesmo tempo enaltece o ego pessoal dos tradicionalistas, que ficam
ostentando e incutindo no povo uma glorificação que não existe!
O Brasil tem vivido um momento musical assustador e inconsequente. Muitas pessoas ostentam sua pobreza para justificar e camuflar a falta
de dignidade. ("Eu sou pobre e está tudo bem") Ao agirem com esse pensamento – sem o amparo financeiro e sem interesse em desenvolvimento
– se tornam convenientes com a situação e acabam sustentando um orgulho musical
simplório e equivocado. Por fim, sem a certeza do que representam e para onde devem
chegar, cultivam uma vaidade bairrista repleta de limitações e obviedades. É como se todo o desenvolvimento musical das pessoas se resumisse num conhecimento raso e no
orgulho de fazer música com uma caixinha de fósforo.
A equipe do blog
aproveitou a postagem de hoje para tocar nesse assunto, porque as
coisas acontecem no Brasil e ninguém fala nada. Não se envolve com nada, não tem
opinião pra nada e nunca sabe de nada. Parece que o público é catequizado para camuflar uma realidade de que tudo é
normal. Porém, a situação descrita no texto não é normal para qualquer povo que deseja ser alguma coisa no mundo.