Capa
Hoje
revisitamos o álbum “Clubbing’ do cantor Edson Cordeiro, que foi lançado em
1998 pela gravadora Sony. Neste período o Brasil passava por um momento
importante na música eletrônica. De acordo com pesquisadores, o aprimoramento tecnológico na concepção musical eletrônica se disseminou na cultura popular brasileira, a partir de 1995 e durou de forma contundente durante dez anos (até 2005). Desde então o estilo tem se estabelecido com normalidade.
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Mas qual foi o parâmetro utilizado nesta análise?
Didaticamente
falando, haviam diversos gêneros musicais que conhecemos funcionando a todo
o vapor no país. Ao mesmo tempo alguns desses trabalhos foram elaborados com bases
eletrônicas e estavam sendo lançados no mercado brasileiro de forma tímida. Como evoluir
é inevitável e o desenvolvimento também passa pela musicalidade em todas as partes do mundo, já
era hora do Brasil explorar um novo conceito musical mais tecnológico e menos bairrista.
- É óbvio que o movimento cultural e tecnológico brasileiro foi influenciado pelos ventos de desenvolvimento sonoro, vindos de culturas mais independentes e evoluídas de outras partes do mundo. Se dependesse exclusivamente dos brasileiros e de uma "luz divina", o desenvolvimento não iria acontecer. Muitas pessoas são acomodadas e preguiçosas! Lamentamos dizer isso! Mas contra fatos não existem argumentos.
Dessa forma, a partir da metade da década de noventa (1995) começou a surgir uma grande agitação de artistas brasileiros envolvidos com o conceito musical eletrônico. Essa característica foi se desenvolvendo ao longo dos anos e abriu
caminho para novos talentos e novas concepções musicais que seguem o modelo de vida atual. Houveram diversas
apresentações, debates e conferências envolvendo o trabalho de cantores, bandas
e djs nacionais e internacionais. As raves e as festas ao ar livre tomaram
conta e agitaram a galera em grande parte do país, até a metade da primeira
década de 2000 (2005). Aos poucos o estilo eletrônico de fazer música foi se
popularizando e atualmente já está inserido no contexto musical brasileiro.
Egoístas musicais
Pode
parecer prático, mas o caminho não foi tão simples assim. Havia uma
“tranqueira musical egoísta e ditatorial“ sustentada por várias pessoas em diversos
seguimentos da cultura do passado e nos bastidores musicais brasileiros. O desdém para com a música eletrônica, incluía
pessoas que trabalhavam na mídia em geral e em algumas gravadoras – que tentavam
a todo custo, menosprezar a musicalidade eletrônica no Brasil.
Fato
semelhante ocorreu também no final da década de 60 e nos anos 70 quando, por
exemplo, o rock´n´roll foi acusado de aberração satânica frente aos moldes
sociais praticados na época. Parte da velharia musical acomodada chegou a descrever o rock como sendo “anti-cristo” apocalíptico!! Quando
na verdade era apenas um tipo de sonoridade musical diferente. Pesquisadores
afirmam que foram tempos em que as interpretações populares revelavam o medo, a
falta de informação, a falta de desenvolvimento, o egoísmo e o preconceito de
parte do Brasil em relação a tudo que era diferente do seu costume musical,
pré-doutrinado e policiado por algumas pessoas que atuavam junto ao poder
político cultural do país.
Após
2005, a
utilização de elementos musicais que abraçam a estética melódica eletrônica continuou
de forma normal. Porém, algumas pessoas no Brasil ainda confundem timbres eletrônicos com música dançante superficial. Para se ter uma ideia, no continente europeu, a sonoridade eletrônica já existe na forma popular desde a década de setenta e possui estatus de música erudita. Os mais velhos respeitam
o desenvolvimento e o gosto musical dos mais jovens – o que não ocorre no
Brasil, infelizmente. Nos países
europeus, diversos artistas conceituais, alternativos, comerciais e
undergrounds já se esbaldaram em meio a timbres e blips eletrônicos.
Contracapa
O
álbum de Edson Cordeiro não traz o
perfil de ser uma obra-prima. Também não é comercial ou dançante, mas registra
um trabalho musical simples e experimental ao utilizar o conceito eletrônico de
forma inteligente. Muito bem produzido
pelo aclamado produtor (SUBA), falecido em 1999, as melodias transitam de forma
harmônica entre bases do downtempo, passando pela música pop e abraçando a ambient music com algumas doses bem suaves de drum n´bass.
Além
de cantar em inglês e em português, Edson Cordeiro faz uma boa releitura de
canções como “Mercedes Benz” (Janis
Joplin), “Menino do Rio” (Caetano Veloso), “Oye como vá” (Tito Puente) e “Lovin´you”
(Minnie Riperton). Tudo é claro, embalado numa estética sonora eletrônica bem
diferente aos padrões musicais brasileiros vividos em 1998. Por fim, os fãs e
ouvintes são presenteados com dois remixes para a canção “Ave Maria”. Um deles foi produzido pela dupla “Thievery Corporation”, que recentemente lançaram o ótimo álbum
chamado “Saudade”. O outro remix ficou sob a responsabilidade do pessoal do AD, que desapareceu de cena nos últimos
anos. Não é um trabalho que vai mudar a
vida das pessoas, porém merece ser ouvido no quesito de conhecimento e história
musical.
Encarte 01
Encarte 02
Encarte 03
Encarte 04
Encarte 05
O
álbum apresenta as seguintes canções:
1 Nightclubbing 3:30
2 Nada
3:32
3 A Saída 4:44
5 Menino Do Rio 4:31
6 Até O Fim Do Mundo 3:35
7
Oye Como Vá 3:49
8
Sometimes I'm Happy 3:31
9
Viúva Negra 3:49
11
You Make Me Feel Like Dancing 3:57
12 Voz
5:50
13 Ave Maria 4:59
CD
Na sequência você pode ver as imagens do single promocional raro editado em vinil 12" remix, que foi distribuído pela gravadora Sony em 1998. O single apresenta os dois remixes para a canção "Ave Maria" + a versão original da música "Oye como va". Lembramos que os remixes "AD Remix e AD Version" são iguais, apenas mudaram de nome.
Sleeve
LADO A
1- Ave Maria (Álbum version) 4´59
2- Ave Maria (Thievery Corporation remix) 4´00
LADO B
1- Ave Maria (AD Version) 4´50
2- Oye Como Vá 3´49
* Não
há informação que este álbum tenha sido editado em vinil.
** Ainda é possível adquirir o álbum em lojas que comercializam musicas no formato digital ou em lojas que vendem discos usados.