segunda-feira, 19 de abril de 2021

Lulu Santos - Toda forma de amor remix (Single promocional)

Capa

Pra começar a polêmica, vamos com um pouco de história.....

Segundo pesquisadores, o Funk é um gênero musical que se originou em comunidades afro-americanas na década de 60. Ou seja, artistas afro-americanos criaram uma nova forma de música rítmica e dançante através da mistura de soul, jazz e rhythm and blues. O Funk retira a ênfase da melodia e da harmonia e traz um groove rítmico forte de baixo elétrico e bateria no fundo. Portanto, o autêntico Funk é um estilo musical americano de sucesso entre a galera afro-americana (rica ou pobre) lá nos Estados Unidos, na década de 60/70/80. Ponto.

Enquanto isso, aqui no lado sul da América, a equipe do Brasilemixes juntou o quebra-cabeça de influências e influenciados no Brasil, para explicar o que aconteceu.....

Naquele tempo, parte da galera afro-brasileira (pobre e deslumbrada), sem perceber ou questionar, se tornou alvo fácil das informações de realidade social distorcida ou super projetadas (ao bel prazer) pela mídia/publicidade brasileira ao longo dos anos, a respeito de tudo o que acontecia nos EUA.

Logo...

Não apenas o pessoal afro-brasileiro como também quase toda sociedade tupiniquim, educacionalmente frágil e induzida pelo gosto musical e o interesse de alguns brasileiros deslumbrados, que atuavam na linha de frente da mídia com um discurso pró Estados Unidos, acabaram sendo altamente influenciados pelo estilo americano de “ser e viver”.

Afinal...

Os americanos eram vendidos como algo maravilhoso para ser copiado/imitado e reproduzido em sua íntegra. Dessa forma, grande parte da sociedade carioca ingênua, embarcou nessa ideia deslumbrada de vida americana, e era quase natural que pessoas com baixa instrução e noção da realidade, (Incluindo Djs e músicos) adotassem/seguissem/incorporassem de acordo com sua interpretação particular de mundo, o estilo musical do Funk americano com ares de endeusamento.

Imagem ilustrativa/ reprodução

Pausa para se recuperar do puxão de orelha, ao qual a sociedade se meteu....

Ao mesmo tempo, se faz necessário registrar o fato de que a comunidade afro-brasileira, diluída e separada criminosamente de suas crenças, de seus costumes e de seus ancestrais, pela escravidão; também estava à procura desesperada por representatividade ou ritmos musicais que tivessem ligados e fossem simpáticos com seu interesse de mundo particular. “Sou preto, quero música de preto”. “Sou branco, quero música de branco”. Sou rico, quero música de rico”. “Sou pobre, quero música de pobre” e bla-blá-blá. No Brasil essa representatividade foi alcançada pela criação e desenvolvimento de ritmos como o Samba e o Pagode, por exemplo. Nos Estados Unidos, entre vários estilos podemos citar o Soul, o Rhythm and blues, o Funk, o Jazz, o RAP, Hip Hop....

É necessário lembrar que, ao incorporar o Funk americano na cultura tupiniquim paulista e carioca (sim, foi apenas nesses dois estados do Brasil inteiro, que o Funk americano chamou a atenção do público e se propagou), a galera afro-brasileira já tinha uma ótima representatividade musical através do Samba e do Pagode. Porémmmmmmmmm, dadas às proporções, tanto o Samba quanto o Pagode NÃO tinham o GLAMOUR musical e social no Brasil com que parte da galera afrodescendente deslumbrada e marginalizada de forma injusta, pudesse se orgulhar/ostentar. Claro! As pessoas eram doutrinadas com a ideia de que tudo o que fosse de fora do Brasil era melhor....

Ou seja, mesmo que o Samba e o Pagode possuíssem uma riqueza sonora fantástica, ambos os estilos eram por vezes menosprezados e condicionados como referências musicais da galera pobrezinha, coitadinha, regionalista, periférica e trabalhadora. Logo, psicologicamente falando, muitas pessoas não gostam de ser tratadas como pobres, coitadas, regionais, periféricas e trabalhadoras.

Percebendo ou não, o Brasil sempre foi confuso em definir sua cultura e seus direcionamentos. As pessoas (sem educação esclarecedora de passado-presente-futuro, quem eu sou, o que devo fazer e onde tenho que chegar) misturaram solenemente, alhos com bugalhos. O resultado de toda essa confusão se impregnou na classe social e financeira e acabou se metendo no gosto musical particular das pessoas. Um verdadeiro INFERNO!!!!!

Tem público que gosta de algumas musicas por causa da moda. Outras pessoas gostam pela representatividade. Outras pelo glamour social, pela melodia, pela ostentação, pela fama do artista, pela composição, pela vantagem, pela publicidade, pela vibração, para se sentirem modernas, atualizadas, queridas enfim....uma confusão dos diabos. São poucas as pessoas que gostam de música por si só. A maior parte dos consumidores segue seus interesses e influências particulares. Lamentável.

Funk Carioca (...um dia qualquer)

Em um cenário socialmente/educacionalmente confuso, o Funk foi sendo incorporado junto a cultura popular dos guetos no Rio de Janeiro. Em determinado momento foi apelidado de “Funk carioca” e se estabeleceu por ser um estilo influenciado pelo Funk americano. Tipo assim:

- O funk americano é legal? Sim! Então vamos aproveitar essa ideia musical americana e vamos fazer um estilo musical igual, aqui no Brasil.

- Como vamos chamar?

Ahhhh diga que é Funk, tipo Funk americano. Ninguém vai entender nada o mesmo. Diga que é Funk.

-  Mas esse Funk não é bemmmmmmmm igual ao Funk Americano?

- Eu sei, nós somos pobres, não temos instrumentos musicais como os americanos, mas vamos fazer com aquilo que temos e vamos chamar de Funk!

- Certo! Funk ou Miami bass?

- Ahhhhh diga que é Funk! É tudo Funk! Pronto! Quem não tá satisfeito que dê aula de música de graça e instrumentos musicais de graça pra nós. Como isso não vai acontecer, vamos dizer que é tudo Funk.

O remix

Capa

Aproveitando um sabor musical diferente daquele que havia no mercado e observando o comportamento da periferia, guetos, comunidades (favelas) cariocas e afins, entra em cena o cantor Lulu Santos. 

Naquele momento, o Funk carioca já agitava a periferia do Rio de Janeiro e o cantor Lulu Santos (ligado com o que se passava ao eu redor), achou oportuno remixar uma canção utilizando referências melódicas do tal “Funk carioca”. E dessa forma, surgiu o remix para a música Toda forma de amor, com produção do Dj Memê.

Contracapa

O single lançado em 1995 pela gravadora BMG, apresenta duas versões (editada e normal) que receberam o nome de Funk you mix. A canção possui a participação especial de MC William e Duda Mc cantando “Rap do Lu”. O detalhe do nome do remix é um trocadilho de palavras Funk (ritmo musical) e fuck you (expressão inglesa que possui várias interpretações de cunho ofensivo). O seja, “fuck you” pode significar “dane-se” ou foda-se” e possui conotação com a letra da música, apenas.

CD

Confusão social e jogo de cena

Por falta de dados concretos, uma PARTE da mídia e da sociedade entre São Paulo e Rio De Janeiro (que não consegue enxergar além do próprio umbigo)  imagina, acredita e propaga que o Funk carioca seja um sucesso nacional. Isso NÃO é verdade!

O funk carioca faz sucesso no Rio, em Sampa e em algumas capitais do Brasil, apenas. Fora esses lugares determinados ou guetos, mesmo que o funk esteja fazendo sucesso e mesmo que as musicas sejam distribuídas de graça, o funk NÃO toca em todas as rádios brasileiras, o funk NÃO agita todos os clubes brasileiros, o estilo de vida dos cantores de funk NÃO caiu no gosto do público e o funk NÃO é um produto de consumo nacional. Essa constatação, também se projeta com a música sertaneja, a música regionalista, o axé, entre outros.

Falsa ideia de sucesso...

O pensamento confuso e sensacionalista de que “se for sucesso em São Paulo ou Rio de Janeiro é sucesso em todo o Brasil” é uma falácia publicitária. É falso. É um absurdo comunicativo vagabundo, conveniente e simplório, que foi proferido por pessoas que atuavam na mídia através dos anos, sem que alguém desse “um peitaço” e colocasse a ordem dos fatos no seu devido lugar. Então, a verdade conveniente misturada com a falta de percepção da realidade, as pessoas se acostumaram com a crença simplória de que se for sucesso no Rio ou em Sampa, é sucesso em todo o Brasil.

A narrativa de “sucesso em todo o Brasil” é prejudicial aos músicos, pois cria uma fantasia imaginária, que não se reflete nas vendas e acaba superficializando a carreira do artista. Isto é, o artista ostenta um sucesso ilusório que é apenas parcial ou localizado. O qual não existe, nunca existiu e nunca venha existir em sua totalidade.

* A versão remix deste single foi incluída na coletânea de remixes do Cantor Lulu Santos, lançada em 1995, e já foi postada pelo blog. Para rever, clique aqui.

** Ainda é possível comprar o single remix em lojas que vendem artigos musicais pela internet.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Drumagick - Checkmate! (CD álbum)


Em 2005 chegou ao mercado musical o segundo álbum da dupla Drumagick. O trabalho recebeu o nome de Checkmate!, e foi lançado pela gravadora Sony Music. A concepção melódica dos irmãos
Guilherme Lopes e JrDeep (djs e produtores que formam o Drumagick) respira a sonoridade eletrônica do Drum n´ bass, do início ao fim.

Imagem reprodução

A equipe do blog observa que um grande problema de alguns subgêneros da música eletrônica no mundo inteiro, se deve o fato das limitações melódicas de criatividade, inovação e combinação musical feita por seus representantes. Ou seja, falta de criatividade por seguir a fórmula melódica básica do mercado, pensando que o público consumidor se contenta com repetições, ou é movido pelo sentido óbvio de se fazer música. A falta de inovação se refere ao propósito de construir um álbum completo, sem utilizar estruturas musicais diferentes no arranjo melódico das canções. Por fim, a falta de combinação musical com instrumentos musicais clássicos ou alternativos. Isto é, quando a sonoridade cai na repetição e não explora novos caminhos para o mesmo estilo.

Encarte 1

Encarte 2

As canções do álbum Checkmate apresentadas pelo Drumagick que flertam com o samba rock e nuances jazzísticas, são interessantes até aqui, e a dupla de produtores já conquistou o seu lugar ao sol. Entretanto, passado o momento de felicidade, é preciso continuar trilhando horizontes musicais mais diversificados. Isso faz com que o artista não caia no balaio da repetição, tanto quanto outros ótimos artistas assim o fizeram e acabaram sepultando suas carreiras. Portanto, é bom que o Drum n´ bass respeite suas raízes, mas ao mesmo tempo, é fundamental que o estilo contemple novas perspectivas.

Contracapa

O álbum possui as seguintes faixas:

  • 1- Intro (A Jazz Experiment) 2:09
  • 2- F73 4:39
  • 3- Can U Dig It 5:57
  • 4- Sambarock 3:55
  • 5- Malandragem 5:04
  • 6- Esquina Firmeza) 5:38
  • 7- Checkmate! 5:18
  • 8- Party 5:38
  • 9- Atraso 4:47
  • 10- Classe A  4:50
  • 11- Parah 4:55
  • 12- Ragga Style (Break Beat Mix) 5:05
  • 13- Fechamento (After Class Mix) 5:20 

O álbum originou o lançamento de um single 12” promocional que apresenta as canções Can U Dig It e Checkmate!, e que você pode conferir nas imagens seguintes.

LADO A

LADO B


* Não há registro que o álbum tenha sido lançado em vinil.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Rita Lee - Lança Perfume (remix ???)

Imagem do álbum

Hoje a equipe do blog pede licença para voltar no tempo e fazer o registro de uma versão musical desconhecida da maior parte do público. Talvez, veja bem, talvez algumas pessoas já tenham ouvido a faixa, mas não perceberam ou não encontram referências oficiais sobre a versão da música Lança Perfume da cantora Rita Lee, ao qual iremos dedicar a postagem de hoje.

A informação básica afirma que a canção original foi lançada em 1980, pela gravadora Som Livre. O trabalho também foi lançado em alguns países da América Latina, América do Norte e na Europa. Em 2020, a gravadora Universal relançou o álbum no formato de vinil colorido em homenagem aos 40 anos da obra. A edição comemorativa apresenta oito músicas com áudios remasterizados a partir da matriz do LP original.

Remix (???) pesquisa

Prezado leitor. Não se trata de nenhum novo remix para essa canção. Na verdade, a equipe do Brasilremixes resgatou um single promocional da música para colocar em discussão aqui no blog. Ou seja, o single foi lançado em 1981 no mercado americano. A mixagem da versão incluída no single foi creditada para John Luongo. Até aqui tudo bem. O problema é que no decorrer dos anos, através das redes sociais e a interatividade entre Djs, começou aparecer uma outra versão – até então pouco falada – da  música Lança Perfume.

Pesquisando a obra da cantora Rita Lee e do produtor John Luongo no site Discogs (site que registra a discografia de artistas, musicos, djs e produtores mais importantes no mundo), não encontramos referências ou créditos sobre o “tal” remix. Tanto na parte da cantora quanto nos trabalhos assinados pelo produtor. Localizamos apenas uma participação. Portanto, não podemos afirmar de forma ABSOLUTA que o remix (???) tenha sido feito por John Luongo.

Rita Lee anos 80

Ao mesmo tempo, percebemos uma confusão de entendimentos musicais sobre o significado de MIXAR E REMIXAR. Ou seja, “mixar” na linguagem técnica de estúdio, significa montar a melodia, unir os instrumentos musicais (baixo-guitarra-bateria) pré-gravados separadamente, para formar uma faixa única.

“Remixar” significa mexer na estrutura musical, adicionar elementos, mudar a velocidade, sobrepor efeitos diversos e tudo que possa ser caracterizado como se fosse uma remexida melódica da versão original.  Portanto, John Luongo apenas mixou (uniu) a faixa e alterou a introdução da canção. Por si só, não significa que tenha feito um remixxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx!

Lembramos também que no período de lançamento, já existia no mercado, diversos remixes de vários artistas. Mas os remixes não tinham o tratamento e não eram considerados tão importantes quanto  nos dias atuais. Destacamos ainda, que o site Discogs não é perfeito, ele está em constante construção e existem algumas informações musicais e dados incorretos/incompletos.

O remix (???) conclusão

Entendemos que a versão contida no single promocional, até poderia ser chamada de extended version (versão estendida) mas, não se trata de um remix produzido com a mesma estética da forma atual. A diferença marcante entre a faixa original e o “dito” remix se localiza na introdução da música. A versão original possui riffs de piano e a versão editada/mixada por John Luongo possui riffs de guitarra Wah-wah. Só isso. Lá no youtube tem a faixas para serem ouvidas e você tirar suas próprias conclusões.

O single promocional em destaque possui as seguintes faixas:

LADO A


1 Lança Perfume – 5´47

LADO B


1 Lança Perfume (Instrumental version) – 4´40 

* Até o momento, o single não foi editado em CD e as versões ainda não foram lançadas no formato digital.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Edgard Scandurra - Gera remixes (Single promocional - Item de colecionador)

Imagem do single promocional sem capa

"Gera" é uma canção escrita por Arnaldo Antunes (Titãs / Tribalistas) em parceria com músico Edgar Scandurra (guitarrista da banda Ira!).

Edgar Scandurra (divulgação)

A letra, composta por seis palavras (Gera, Degenera, Já era, Regenera, Gera) + a melodia, formatam uma das experiências musicais eletrônicas, ao qual Edgar se propôs a fazer em 1996, no seu interessante projeto chamado Benzina.

O single editado em vinil recebeu três remixes voltados para a estética musical do Techno, que foram assinados por SUBA, Dj Mau Mau e Dj Renato Lopes.  A versão original apareceu em 1996, no CD álbum Benzina que foi relançado em 1997 pela gravadora Universal.

Para a equipe do blog, tanto quanto o pessoal da banda Barão Vermelho (leia postagem anterior), o guitarrista Edgar Scandurra também foi outro artista nacional, entre vários, que conseguiu ter a iniciativa e liberdade de trabalhar com outros estilos musicais, sem fazer escândalo ou perder suas origens roqueiras. E ninguém morreu por isso. A vida segue.

O single apresenta 3 remixes + a versão original:


LADO A

1 - Gera (Mau 2) Remix – Remixado por Dj Mau Mau

2 - Gera (Overnight Mix Dr Além) Remixado por Suba

LADO B

1 - Gera ( 145 5 - Lopes) Remix – Remixado por Renato Lopes

2 - Gera ( Original Mix) Version – Jazzy James

 * Até o momento dessa postagem, não foram localizados registros oficiais, que os remixes apresentados no single tenham sido lançados em Cd ou no formato digital nas plataformas musicais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Barão Vermelho - Puro Extase - versão original e versão remix - (Single promocional - Item de colecionador)

Capa do single promocional

No período de lançamento da canção “Puro Extase” da banda Barão Vermelho, ouve um certo “tumulto nos bastidores” e até o que poderíamos  chamar de “surto injustificado”, em parte da confusa, e, por vezes, egoísta cena musical brasileira. Incluindo nessa área, o mercado consumidor, até então, um pouco perdido entre as concepções, vibrações e conexões musicais do planeta.

Como assim? O que aconteceu?

Para entender o que se passava naquela época é preciso que o leitor fique atento. Ou seja, em 1995 estávamos chegando ao final da fase Eurohouse/Eurodance/Europop (Corona, Masterboy, Dr. Alban, Snap, Whigfield, 2 Unlimited, Culture Beat e + outros trocentos artistas que faziam a festa da galera nos clubs mundo afora). Então, nesse momento, o  cantor Lulu Santos havia lançado em parceria com o Dj Memê, o ótimo álbum Eu e Meme , Memê e Eu com releituras musicais de sua carreira, utilizando a estética melódica eletrônica e dançante. O álbum fez sucesso no ano de 1995/1996 e ainda dava um bom “caldo” em 1997. Logo, seguindo com o raciocínio do tipo de atmosfera melódica predominante naquela ocasião, dadas às proporções, o que chamava a atenção na musicalidade brasileira na metade da década de 90 eram os trabalhos musicais que flertavam com a Dance music e a música eletrônica! Captou?

Contracapa do single 

Essa característica, não ocorria apenas no Brasil. A cena melódica pop e poprock, também respirava dessa forma. Logo, era ÓBVIO que se uma banda/artista quisesse se manter ATUALIZADA(O) junto a “sonoridade musical mundial” estabelecida naquele momento; a banda/artista, mesmo que fosse de rock ou de outro estilo musical, deveria utilizar algumas referências melódicas eletrônicas ou dançantes. NÃO havia obrigação de seguir esse caminho. E nem todos comungavam desse posicionamento! MAS, entretanto, porém, contudo...... era uma alternativa do mercado para manter os holofotes ou buscar o sucesso.

CD

Portanto, após compreender essa movimentação musical do mercado, em 1997, a banda de ROCK Barão Vermelho aceitou lançar um álbum, que tivesse ALGUMAS referências eletrônicas. Só isso!!! A banda não deixou de ser roqueira, a banda não se prostituiu, a banda não traiu ninguém! Ela apenas lançou um produto musical no mercado e a vida segue.

Ao longo da carreira, Rolling Stones fez ótimos remixes dançantes para agradar ao público frequentador de clubes e danceterias, e, mesmo assim, não deixou de ser uma banda de rock! Aerosmith, também já brincou com remixes e nunca perdeu o estilo rock n´roll! Naquele mesmo ano, o grupo de rock U2 tinha lançado o álbum POP, que também flertava com a musicalidade eletrônica e ninguém morreu por isso. A vida continua, mas na época, parte do mercado produtor e consumidor brasileiro tradicional e doutrinado “surtou” com ares de que o mundo havia chegado ao fim. Pura bobagem, medo e preconceito.....

Porquê “surtou”?

Por que na esfera artística os egos inflados e a concorrência pelo sucesso são gigantescos! Todos defendem que seu estilo musical (produto) é imaculado e o melhor do mundo! Por isso, rolava a maior “dor de cotovelo” no império roquista – já saturado naquela época, - diante dos outros estilos musicais emergentes. Nooooooooossssa! Roqueiros surtavam com o baticum eletrônico porque achavam ‘uma invasão de seu “território”. E, que a música eletrônica era inferior e uma afronta ao sucesso roqueiro másculo, forte, aguerrido e absoluto, que até então reinava e dominava, massivamente, as paradas de sucesso de rádios FMs, desde a década de 80!

Sério? Foi tudo isso?

Sim! Teve crítico musical mequetrefe que fazia escândalo diante de qualquer eventual “suspiro eletrônico”, que era inserido em certas melodias produzidas por artistas e bandas roqueiras brasileiras. Mas, o pior estava por vir, pois os roqueiros não faziam ideia de que anos depois, seriam solenemente deixados de lado pelo público, com a ascensão da música pop sertaneja até os dias atuais. Mas essa é outra história. 

E o remix da canção??

Calma, vamos explicar a ordem dos fatos. Em 1997 a banda lançou um Cd ao vivo + remixes. Também em 1997, a banda lançou um álbum novo com a música Puro extase. Mas, o remix da canção Puro extase só apareceu em 1998, no meio de uma coletânea de musicas promocionais distribuída para rádios e djs,  pela gravadora WEA. Na ocasião, era quase uma ordem de mercado, lançar o remix promocional ao mesmo tempo em que o álbum fosse comercializado. A estratégia de marketing tinha o objetivo de “pegar” o mercado com “tudo”, ao fazer com que uma canção fizesse sucesso tanto no rádio, quanto nas pistas de dança. Ou até, muitas vezes o single remix era lançado antes do álbum para testar a aceitação do mercado consumidor. Mas, (sempre tem um “mas”) essa estratégia era aplicada no mercado internacional. No Brasil, por uma questão de organização prática e financeira das próprias gravadoras, não havia interesse em seguir esse exemplo. Então, cada gravadora fazia como queria. Por isso que, nesse caso, o remix só apareceu depois.

O remix da canção Puro Extase (Nino extended mix), não se trata de um remix dançante propriamente dito. Mas, de uma versão estendida da versão original. A versão original possui aproximadamente quatro minutos de duração e o remix tem seis minutos e a inserção de efeitos eletrônicos discretos, que proporcionam um pouco mais de brilho e uma sensação festiva para a melodia.

Para ouvir o remix, lá no youtube deve ter. No entanto, é preciso conferir se essa versão ainda está disponível! Também lembramos ao leitor, que ao longo dos anos, outros remixes não oficiais da canção circularam pela internet.   

* Na imagem seguinte, você pode visualizar a capa da coletânea promocional DJ CLUB 7, que foi distribuída pela gravadora WEA e registra de forma oficial, o remix da canção. 

Em 2015, a equipe do Brasilremixes já havia apresentado essa compilação aos leitores do blog. Para rever, clique em: https://brasilremixes.blogspot.com/2015/08/dj-club-7-varios-cd-promocional_29.html

* O álbum que leva o mesmo nome da canção Puro Extase, teve a produção principal feita pelo Dj Memê.

* Não há registro que o single tenha sido editado em vinil.

* Lembramos para os fãs não confundirem alhos com bugalhos: 

O CD álbum Puro Extase  é uma coisa. 
O CD ao vivo + remixes é outra coisa.  
O CD single promocional com a canção Puro Extase é outra coisa. 
E, o CD promocional coletânea que traz diversas canções de vários artistas, e, TAMBÉM APRESENTA o remix de Puro Extase, é outra coisa. 
Tudo pode ter relação ao mesmo tempo, mas são quatro produtos diferentes. 

* Tá, mas o CD ao vivo + remixes não traz o remix de Puro Extase? – Não, porque o Cd ao vivo + remixes apresenta canções antigas da banda, e foi lançado numa edição especial comemorativa, no inicio de 1997. Para rever a resenha já postada pelo blog, clique aqui: https://brasilremixes.blogspot.com/2015/11/barao-vermelho-ao-vivo-remixes.html

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Joe Euthanasia – Joe CD álbum (Edição remasterizada)

Capa

Em 2013 publicamos uma resenha para lembrar o álbum do cantor Joe Euthanasia, com destaque para alguns remixes de algumas canções que nunca haviam sido lançadas para o público. Para rever você pode clicar aqui: https://brasilremixes.blogspot.com/2013/09/joe-euthanazia-joe-album-remix.html.

Passados sete anos, informamos com alegria o relançamento do álbum no formato digital, que foi remasterizado e oficializa um dos remixes já divulgados pela equipe do blog. O álbum do cantor foi originalmente lançado em 1989, foi relembrado pelo blog em 2013 e agora em comemoração ao aniversário de 65 anos que Joe estaria fazendo, o disco está sendo relançado pela gravadora estúdio Eldorado nas principais plataformas musicais da internet.

Além das musicas já conhecidas, a edição digital do disco apresenta duas canções novas que não entraram no lançamento original, são elas: Mil e uma noites e Pergunte à criança. Para a felicidade dos fãs, o relançamento também inclui o remix da canção Cem mil Dólares – Interview remix. Que até então, não estava oficializado na obra musical do artista.

O álbum remasterizado registra as seguintes canções:

1- Cem mil dólares
2- Ligação direta
3- Anjo da guarda 
4- Me leva pra casa
5- Beijo no ar
6- Uma rajada de balas (participação especial de Virginie)
7- Tudo pode mudar
8- Imagine o Brasil
9- Tem sol aqui
10- Rotina 
11- Mil e uma noites
12- Pergunte a criança
13- Cem mil dólares (Interview remix)

A ficha técnica completa do álbum apresenta:

Joe Euthanázia - voz, guitarras, programação de drum machine, arranjos.

Ricardo Severo - teclados, samplers, baixo eletrônico, programação de drum machine, english rap, arranjos.

Participação especial: Virginie - voz em “Ligação Direta” e “Uma Rajada de Balas” (gentilmente cedida pela CBS Discos)

DJ Hum - scratches em “Cem Mil Dólares (Interview Remix) 

Leo Ferlauto - teclados adicionais (faixas 1, 4, 5, 8, 9, 10, 11, 12)
Bebeto Mohr - pratos e contratempo (faixas 8, 9, 11)
Fernando Moraes - pratos e contratempo (faixa 3)
Gloria Athanazio - backing vocals (faixas 1, 5, 8, 10, 11, 13)
Nara Sarmento - backing vocals (faixas 1, 5, 8, 10, 11, 13)
Regina Machado - backing vocals (faixas 1, 5, 8, 10, 11, 13)
Manu Athanazio - backing vocals (faixa 12)
Gabriel Farinon - backing vocals (faixa 12)

Produtor Fonográfico: Estúdio ELDORADO Ltda.
Direção Artística: Antônio Duncan
Produção Executiva: Preta Pereira e Julius Israelis

Direção Musical: Joe Euthanázia e Ricardo Severo
Mixagem: Eduardo “Ganso”, Ricardo Severo, Joe Euthanázia (ISAEC – PoA/RS) e Luiz
Carlos (Eldorado – SP)

Gravado por Eduardo “Ganso” e Serginho (ISAEC – PoA/RS) e Luiz Carlos (Eldorado SP)

Remasterização (2020): Paulo Torres

Criação da Capa: Luiz Felipe Helfer
Arte-Final: Luiz Felipe Helfer e Flávio Wild
Fotos: Rochele Costi
Make-up: Elison Couto by SCALP/SP

* A equipe do blog agradece a gravadora Studio Eldorado pelo relançamento do álbum e ao produtor Ricardo Severo, pelo empenho na divulgação do trabalho do artista Joe Euthanazia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Super Remix (compilação - vários)

Capa

Hoje publicamos a resenha mais difícil e mais polêmica de todas as resenhas já postadas pelo blog. Estamos falando de uma coletânea que estava aguardando a divulgação na lista de espera (ficou rolando na redação de um lado para outro há dez anos)  e não possui consenso crítico entre nossa equipe. Trata-se dos remixes apresentados pela coletânea Super remix, que foi lançada em 1996, pela gravadora Som Livre.

(Entenda os motivos)

Para início de conversa, o Brasil parece estar condenado a viver uma vida cercada pelo o dilema do “karma da tentativa”.

- Karma da tentativa??? O que é isso?

Karma da tentativa é o nome que nós inventamos para designar um fato curioso que acontece  no Brasil, diante qualquer tipo trabalho em meio a uma lista infinita de desculpas que vai desde a falta de dinheiro, falta de conhecimento, falta de habilidade, falta de visão holística, falta de qualificação, falta de apoio, falta de talento, falta de senso crítico....etc. Ou seja, na maioria das vezes, tudo aquilo que o brasileiro faz e não dá certo, geralmente é enquadrado na lista de justificativas que você acabou de ler. Logo, o resultado parece estar condicionado à frase: 

- Valeu pela intenção!”

Com sol ou com chuva, subindo ou descendo, direita ou esquerda, ganhando ou perdendo, quase tudo acaba se resumindo na frase “valeu pela tentativa”!

Vamos imaginar que você tenha que cozinhar feijão. Então você vai fazer a feijoada completa como manda a receita, sem ficar discutindo a + b. Entretanto, por vários motivos aleatórios você acaba fazendo a feijoada com água, sal e feijão. Ponto. O que vai acontecer com o almoço do dia?  A feijoada vai ficar ruim, insonsa, fora da realidade, simplória, etc.. e para os convidados não detonarem as suas habilidades culinárias desastrosas, eles irão dizer que valeu pela tentativa. Captou?

O resultado dos remixes apresentados pela compilação “Super remix” possui várias interpretações. Nas resenhas discutidas em reuniões da equipe do blog ao longo dos anos, mas que acabaram não sendo publicadas, para não causar desanimo ou discórdia no seguimento musical dançante brasileiro, apareceu de tudo:

* Que a proposta de remixes da coletânea representava um retrocesso.

* Que o cd deveria ser banido da dance-music brasileira.

* Que a compilação fosse enterrada para sempre da história musical de remixes nacionais.

* Que a coletânea fosse queimada em praça pública.

* Que a associação de Djs proibisse a execução dos remixes para não ofender o bom gosto e o desenvolvimento musical dançante brasileiro já existente...

* Que a compilação foi feita para um público que desconhece dance music e se contenta com migalhas.  Etc...etc....

Um outro detalhe muito importante na formatação e produção  geral dos remixes brasileiros lançados por grandes artistas, é que mesmo que o centro das atenções musicais no Brasil seja São Paulo e Rio de Janeiro, tanto paulistas como cariocas deveriam ter percebido que, apesar de tudo, o Brasil não gira em torno do “gosto musical particular de paulistas e cariocas! ”. Ou seja, o Brasil não consome/consumia dance music em geral, apenas porque os cariocas e paulistas gostavam ou produziam. O Brasil também possuía luz própria e – dadas às proporções - também tinha desenvolvido o seu conhecimento e gosto musical pessoal, que NÃO seguia “obrigatoriamente” a mesma ordem musical ditada por cariocas e paulistas. (LONGA PAUSA PARA PENSAR...)

Pensando e refletindo......

Em alguns estados do interior do Brasil, já existia uma ligação muito forte com o que ocorria musicalmente na Europa, independente do que o Brasil da bolha carioca/paulista pensava/gostava ou deixava de pensar/gostar.....

Aliás, em termos de dance music, todo o brasileiro que tivesse interesse e tinha acesso ao dance americano, dance europeu, dance brasileiro e dance latino, já estavam familiarizados com remixes dançantes de primeira linha.

Quem produziu o Cd Super Remix, sabe-se lá por quais motivos, ignorou a visão e a euforia dançante mundial que já existia naquele momento. Isto é, os remixes apresentados na coletânea permaneceram presos ao conhecimento limitado de seus produtores, como também,  no interesse pífio e questionável de quem encomendou os remixes. Por fim, era previsto que uma parte público confuso e inocente, que aceitava tudo quanto era “tum-tis-tum” de quinta categoria, aceitasse as migalhas dançantes.

De forma prática, no entendimento da equipe do blog, os remixes ficaram condicionados a cena dance “lado B” carioca e apresentam o básico feijão com arroz e farofa.

Contracapa

(Análise....)

Se o padrão musical dançante brasileiro (a linha de remixes produzidos) já havia sido definido na década de 90, por remixes de artistas como Lulu Santos, kid Abelha, Rita Lee, Marina Lima entre outros; era evidente que o resultado final da compilação lançada em 1996 não poderia ter qualidade inferior aos discos acima referidos. Portanto, os remixes apresentados nessa coletânea não caíram nas graças da maior parte do público. Óbvio! Ponto final.

Por isso que insistimos em dizer que: - Acabou o tempo do Brasil ser amador ou viver numa eterna tentativa musical...

Entendemos que muitas vezes é legal ou libertador fazer um remix diferente, porém desde que “esse remix diferente” seja melhor ou igual aos remixes já estabelecidos no mercado e aprovados pelo público.

Entendeu agora por que no início dessa resenha citamos que o Brasil vive o “karma da tentativa? A equipe do blog adoraria dizer que a compilação é o máximo e possui o mesmo nível de qualidade, etc e tal. Mas, para não ofender as pessoas envolvidas, infelizmente muitas resenhas se resumem em “valeu pela tentativa”.

O pior é imaginar que entre as justificativas dos produtores dessa compilação, é que eles poderão dizer que os remixes não tinham essa pretensão “fantástica” de sucesso, e que era só para fazer a meia boca que foi feita. Enfim....

A compilação de remixes possui características musicais do funk melody, da música pop e uma tentativa esfarrapada do que poderíamos chamar de Euro House tupiniquim  de doer na alma, no corpo e nos pés.

O CD possui as seguintes faixas:

1 - Cazuza - Exagerado (Dance Mix)

2 - Sandra De Sá - Olhos Coloridos (Charm Version) 

3 - Fábio Jr. - Enrosca (Nino's Piano Mix)      

4 – Agepê - Deixa Eu Te Amar (Love Melody Mix)      

5 - Fafá De Belém - Sereia (Dance Version)    

6 - A Turma Do Balão Mágico - Lindo Balão Azul (Euro Remix)         

7 - Wanderléia - O Exército Do Surf (L'esercito Del Surf) (Ragga Dance Mix) 

8 - Barão Vermelho - Bete Balanço (Club Station Remix)       

9 - Anne Duá - Indecente (1996 Remix)           

10 - Barão Vermelho - Bete Balanço (Club Station Long Remix)        

* Não há registro sobre a compilação ter sido editada em vinil.

** A culpa não é dos artistas, mas de quem produziu os remixes ruins...